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Empresário responde relator, mas se cala diante da CPMI do INSS

Fernando Cavalcanti nega envolvimento em esquema de fraudes e usa direito ao silêncio diante da comissão

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© Lula Marques/Agência Brasil

O empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, alvo da Operação Sem Desconto da Polícia Federal, compareceu nesta terça-feira (7) à sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, no Congresso Nacional. Durante o depoimento, Cavalcanti respondeu apenas a perguntas feitas pelo relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), mas optou por permanecer em silêncio diante dos demais parlamentares.

Seu advogado, Thiago Machado, informou que o cliente “não dirá sim ou não” a determinadas questões, exercendo o direito constitucional de não produzir provas contra si mesmo. A postura gerou reações entre os membros da CPMI, que investigam fraudes em descontos indevidos sobre benefícios de aposentados e pensionistas do INSS.

💬 Negativas e evasivas

Logo no início do depoimento, por volta das 16h30, Cavalcanti negou ter qualquer envolvimento com o esquema investigado, afirmando que não é “laranja” nem beneficiário de fraudes. Ele também disse desconhecer as atividades ilícitas atribuídas aos empresários Nelson Willians e Maurício Camisotti, apontados como articuladores do grupo.

Questionado sobre seu patrimônio, o empresário afirmou que todos os bens estão devidamente declarados no Imposto de Renda, mas evitou apresentar valores ou documentos. Quando confrontado com movimentações financeiras milionárias envolvendo outros investigados, preferiu não se manifestar.

🚔 Operação Sem Desconto

Na Operação Sem Desconto, a Polícia Federal apreendeu mais de 20 veículos de luxo ligados a Cavalcanti, incluindo uma Ferrari avaliada em cerca de R$ 4,5 milhões, além de uma coleção de relógios e uma adega de vinhos estimada em mais de R$ 7 milhões.

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar, afirmou que as respostas evasivas confirmam o papel de destaque do empresário no esquema.

“É um exemplo de sucesso no crime. Os indícios apontam para a origem ilícita de parte de seu patrimônio”, disse Gaspar.

⚖️ Comissão vê estratégia de defesa

O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), avaliou que o comportamento de Cavalcanti faz parte de uma estratégia jurídica.

“Ele tenta transformar o espaço da CPMI em palco de defesa pessoal, o que não é o objetivo desta comissão. Estamos aqui para proteger os aposentados brasileiros”, afirmou.

Viana também destacou que a CPMI aguarda uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o pedido de depoimento de Maurício Camisotti, atualmente amparado por habeas corpus que lhe garante o direito ao silêncio.

💸 Desvios milionários

As investigações indicam que o grupo atuava por meio de associações de aposentados e pensionistas usadas como fachada para aplicar descontos indevidos em benefícios previdenciários.
Entre as entidades investigadas está a AMBEC (Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos), considerada controlada por “laranjas” ligados a Camisotti.

De acordo com dados apresentados à CPMI, os valores movimentados pela AMBEC cresceram de forma exponencial:

  • 2021: R$ 135 mil em contribuições;

  • 2022: R$ 14,9 milhões;

  • 2023: R$ 91 milhões.

Esses números reforçam as suspeitas de fraude e lavagem de dinheiro em larga escala, com prejuízos diretos a milhares de beneficiários do INSS.

📰 Próximos passos

A CPMI deve retomar os depoimentos ainda nesta semana e planeja convocar novos nomes ligados às associações suspeitas. O relatório final deve ser apresentado até o fim de novembro, com pedido de indiciamento de empresários, advogados e agentes públicos envolvidos no esquema.

📎 Com informações da Agência Brasil

Fonte: Agência Brasil