O diretor de Políticas Públicas da Fundação Santillana, André Lázaro, afirmou que a educação no Brasil ainda funciona como uma herança de classe, quando deveria ser um direito de todos. Segundo ele, a “naturalização das desigualdades” é um dos maiores obstáculos para a qualidade da aprendizagem nas escolas.

Dados do Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025 revelam que apenas 2,4% dos jovens do 3º ano do ensino médio entre os 20% mais pobres tiveram desempenho adequado em português e matemática, contra 16,3% entre os mais ricos.

Lázaro também destacou as desigualdades raciais e regionais, além do fechamento de escolas no campo, que prejudica milhões de estudantes. Ele defendeu políticas afirmativas, como as cotas no ensino superior, como instrumentos eficazes para ampliar o acesso e reduzir desigualdades.

Neste domingo (28), cerca de 6 mil pessoas se reuniram na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para a Corrida e Caminhada MEC 95 Anos, em comemoração ao aniversário do Ministério da Educação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do encontro e ressaltou que “é por meio da educação – da creche à universidade, da alfabetização a um curso de engenharia – que vamos tornar o Brasil soberano, para que nunca mais alguém dê palpite sobre o país”.

O evento contava com percursos de 3 km para caminhada e 5 km e 10 km para corrida, pensado como uma forma de integração entre educadores, servidores, gestores e a comunidade. A ideia de unir corrida e caminhada partiu de uma consulta interna feita entre os servidores do MEC.

A servidora Isleide Barbosa manifestou entusiasmo com a iniciativa, dizendo que considera “muito boa” a celebração que combina atividade física, lazer e o reconhecimento institucional.

Ao lado do presidente, o ministro da Educação Camilo Santana destacou programas que, segundo ele, representam avanços nas políticas educacionais do país, como o Prouni, o Sisu, o Fies, o Pé de Meia e o Enem.

Autoridades de outros ministérios também marcaram presença, como os ministros da Fazenda, Saúde, Relações Institucionais e Minas e Energia.

Ao final das provas, os três primeiros colocados em cada categoria receberam medalhas especiais, enquanto todos os participantes ganharam medalhas de participação. Lula dedicou as premiações a todos os profissionais da educação do país.

“Professores e professoras, funcionários das escolas que trabalham dia e noite para que possamos sair do analfabetismo que encontramos nesse país, com praticamente 68% da população com o ensino fundamental mal concluído”, destacou o presidente.

Nas redes sociais, Lula afirmou que o evento reafirma o compromisso com políticas públicas que transformam a educação no Brasil e qualificou o momento como uma “verdadeira caminhada pela soberania educacional do nosso país.

Histórico do MEC

Criado em 1930 com o nome de Ministério da Educação e Saúde Pública, o órgão nasceu com atribuições que iam além da educação, abarcando também saúde, esporte e meio ambiente, sob coordenação de um antigo Departamento Nacional do Ensino vinculado ao Ministério da Justiça.

Desde então, o MEC passou por transformações estruturais importantes, com a influência de intelectuais e educadores como Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo. A partir do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, começou-se uma reforma educacional nacional significativa.

Essas mudanças se consolidaram nas décadas seguintes com a garantia constitucional ao direito universal à educação (Constituição de 1934), com a formulação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) em 1961 e com a reforma universitária de 1968.

Hoje, após quase um século de existência, o MEC atua em todas as etapas e modalidades da educação: infantil, fundamental, médio, superior, educação de jovens e adultos, profissional e tecnológica, educação especial e educação a distância.