Educação
Número de professores temporários no Brasil é maior que a média dos países da OCDE
Pesquisa internacional mostra que apenas 64% dos docentes brasileiros têm contratos permanentes — bem abaixo da média global de 81%
A proporção de professores com contratos temporários no Brasil é significativamente maior que a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Segundo a Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) 2024, divulgada nesta segunda-feira (6), apenas 64% dos professores brasileiros possuem contratos permanentes nas escolas onde trabalham, enquanto a média da OCDE é de 81%.
Os dados foram coletados por meio de entrevistas com professores e diretores dos anos finais do ensino fundamental — do 6º ao 9º ano — em 53 países. No Brasil, o levantamento é conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em parceria com as secretarias estaduais de Educação.
📉 Queda expressiva desde 2018
O estudo mostra que a proporção de contratos permanentes caiu 16 pontos percentuais no Brasil desde a edição anterior da pesquisa, realizada em 2018.
De acordo com a Talis, esse tipo de vínculo é fundamental para garantir estabilidade e qualidade no ensino.
“Os contratos permanentes oferecem segurança no emprego e reduzem o nível de tensão e incerteza que pode afetar o desempenho de professores em sala de aula”, aponta o relatório da OCDE.
Entre os países pesquisados, o Brasil ocupa a 5ª pior posição no ranking de estabilidade docente, à frente apenas de Xangai (China), Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Costa Rica.
Na outra ponta, Dinamarca, Letônia e França registram percentuais próximos de 100% de professores efetivos.
💸 Satisfação com salários ainda é baixa
A pesquisa também avaliou o nível de satisfação dos professores com os salários.
No Brasil, apenas 22% afirmam estar satisfeitos com o que recebem — apesar de o índice ter subido quatro pontos percentuais desde 2018. A média da OCDE é 39%.
Com esse resultado, o país figura entre os cinco piores colocados em satisfação salarial, ficando à frente apenas de Portugal, Islândia, Turquia e Malta, que ocupa o último lugar, com menos de 10% dos professores satisfeitos.
🧾 Condições gerais de trabalho
Quando considerados outros aspectos do contrato — como benefícios, carga horária e infraestrutura escolar —, o Brasil também aparece nas últimas posições do ranking.
O percentual de docentes satisfeitos com as condições de trabalho caiu de 52% em 2018 para 44% em 2024, enquanto a média da OCDE é 68%.
Países como Áustria, Bulgária, Polônia e Romênia apresentam índices de 80% ou mais de satisfação. Já Japão, Portugal e Brasil estão na base da lista, com menos de 40% dos professores satisfeitos.
“A remuneração e as condições de trabalho são fatores decisivos para atrair e manter profissionais na carreira docente, garantindo que o magistério continue competitivo em relação a outras profissões”, destaca o relatório.
🏫 Contexto da pesquisa no Brasil
A edição 2024 da Pesquisa Talis foi aplicada no Brasil entre junho e julho de 2024, com a colaboração das 27 secretarias estaduais de Educação.
Esta é a quarta vez que o país participa do levantamento, que busca compreender as condições de trabalho, formação e práticas pedagógicas dos professores no contexto internacional.
📎 Com informações da Agência Brasil
